Curitiba. A cidade modelo, os seus hábitos, bairros, histórias e mistérios.
Curitiba, a cidade conhecida internacionalmente pelo seu planejamento urbano, sua semelhança à Europa e transporte de ponta. A cidade com lendas urbanas e a Curitiba que nunca se sabe…
Vamos ver neste post, 4 livros legais para você conhecer, refletir sobre a cidade ou simplesmente uma leitura por prazer.
1 – CURITIBA NUNCA SE SABE
Por Larrous Leon
Sou aversado às leituras curitibanas, quem me conhece sabe disso. Sempre achei que por sermos tão regionalistas, perdemos a universalidade dos poemas, dos contos, das peças. Eu mesmo, como escritor, como roteirista e como ex-desenhista, sempre procurei me afastar dessa raiz paranaense. Muito disso vem do fato de eu ter uma relação muito fria com a capital do frio. Nunca gostei daqui, mesmo sendo nato do Bacaheri. Sequer tenho planos de morar nessa cidade até o fim da minha vida. Essa é minha relação com Curitiba. Um namoro meio que por obrigação com aquela namorada grávida, esperando o parto para que tudo degringole. E foi com esse sentimento que resolvi ler Curitiba Nunca se Sabe do multi-facetado-artista Geraldo Magela. a partir daí fica fácil de imaginar meu ceticismo com tal literatura.Abri a primeira página e li um texto de oito linhas em que Magela afirma em seu final: “Amo essa cidade”. Aquilo me arrebatou, me levou a olhar Curitiba através de um olhar que eu nunca tinha me obrigado a observar. Ao folhear as páginas, me indaguei se aquilo que li eram poemas ou se eram contos. Não consegui distinguir, tamanho a orgânica com que esse autor brinca com os dois termos. Resolvi chamar o que li de “Poecontos”, até para absorver melhor na sua amplitude o que ele escrevia.Textos como “Candidez”, “Rota da Lata”, “Deleite”, “Meretriz” servem para tocar o leitor com os lugares tão comuns que Curitiba possui, vistos pela singular visão que apenas o Magela tem. Mostrando que o sentimento é de amor, ainda que acompanhado com aquele cinismo tão peculiar dos habitantes dessa Cidade Sorriso. Curitiba em sua imperfeição, visitada com maestria em textos simples como “Desespero”, “Mortuária”, “Poema Lógico, Ecológico e Escatológico”, me convenceram que se nem tudo são flores, a necessidade de ser Curitiba aflora. Tentei não me mover a pensar nessa cidade de forma diferente, mas aos poucos eu vi, pela escrita do Geraldo, que não somos apenas a famosa Rua XV, ou um Jardim cheio de flores. Somos Boqueirão, Santa Cândida, Cachimba, Campo Comprido, Guadalupe e até mesmo uma zona da Riachuelo. Lugares tão esquecidos por nós mesmos que esse poeta, carregado de frio curitibano, me ensinou.Também (re)conheci um pouco do teatro sujo que fez e faz história. “Histórias de João” é uma aula de como escrever um texto baseado em títulos e ainda nos instiga, nas entrelinhas, a conhecer essa parte esquecida de uma época nem tão longínqua do nosso valor cultural.Tentei ser indiferente ao terminar seu livro, Magela. Mas não deu, não rolou. Ler e vivenciar seu jeito de ver esse lugar que lhe acolheu foi uma aula de como se ama uma cidade, seus trejeitos, cidadãos e pormenores que passam por nós diariamente tão batidos e abatidos.Vou deixar uma dica para quem gosta de ler e viajar. Quer conhecer Curitiba? Use GPS, o mapa e os guias que por aqui não faltam. Quer conhecer Curitiba intimamente e, de quebra, se apaixonar por baixas temperaturas? Leia Curitiba Nunca se Sabe. Um livro de uma das maiores lendas que Curitiba deveria valorizar mais e a quem tenho o prazer inenarrável de chamar de amigo. Até eu que nunca suportei muito essa relação de obrigação que tenho a mais de três décadas, resolvi esboçar um sorriso para a namorada grávida.
2 – CURITIBA E O MITO DA CIDADE MODELO
Elaborado sob um ponto de vista alternativo, este livro revela as razões do suposto êxito da política de planejamento urbano desenvolvida em Curitiba desde 1965. Na retórica oficial do poder público, esse sucesso se deve essencialmente ao talento e competência de seus arquitetos e urbanistas. Usando uma perspectiva histórica, Dennison de Oliveira, professor de História da UFPR, enfatiza o contexto institucional e político que permitiu aos urbanistas imporem à sociedade local o seu projeto de cidade e examina detalhadamente a relação mantida entre os urbanistas e as elites econômicas da cidade, tida como a principal responsável pela estabilidade e permanência do mito de Curitiba como “cidade modelo”.
3 – MISTÉRIOS DE CURITIBA
Neste livro de contos, o curitibano Dalton Trevisan retrata os pequenos dramas e personagens de sua cidade atingindo, de forma contundente, os homens de qualquer lugar do mundo Os mistérios acontecem em Curitiba ― também recriada pelos dons poéticos do autor ―, uma cidade vista pelos olhos de um sujeito que é mais sensível que a maioria de seus concidadãos para descobrir coisas que eles não veem, mas seus olhos enxergam, atravessando paredes e muros. Nesta narrativa todo homem se chama João e toda mulher se chama Maria. O velha estória dos irmãos, não somente feita de amor, mas de frustrações, porque aí é que está a coisa: cada um de nós é um João ou uma Maria, aqui não apenas amando, mas sobretudo enganados, por tantos motivos mil, pelas ilusões do amor. Dalton Trevisan tece variações inúmeras em torno dum tema só (e haverá tema mais importante que este?), às vezes impiedosamente, mas sempre com senso de humor difícil de conseguir (e ele consegue) no tratamento de coisa tão séria, tão fundamental.
4. HISTÓRIA CONCISA DOS BAIRROS DE CURITIBA
A obra História concisa dos bairros de Curitiba: do Abranches ao Xaxim busca abrir os conhecimentos do(a) leitor(a) sobre a história local, apresentando a importância de cada bairro de Curitiba para a formação de uma das metrópoles mais importantes do Brasil. Além de apresentar uma sucinta análise histórica, social, econômica e organizacional dos bairros curitibanos, o livro traz uma relação entre a Curitiba do passado e a Curitiba do presente; entre tempo e espaço; entre história e sociedade; entre cultura e identidade. A fundamentação teórica assinala um diálogo entre autores ímpares da historiografia curitibana e paranaense, buscando a reflexão do(a) leitor(a) como parte integrante da sociedade e da história. Nesse contexto, levou-se em consideração a ideia de mostrar o conceito de bairro em uma perspectiva histórica, social e geográfica, além da particularidade da história regional, um ramo imbuído na história nacional e tão pouco discutido atualmente. No decorrer da obra, o(a) leitor(a) encontrará a interlocução entre texto e imagem, representada por pequenos mapas que mostram a exata localização de cada bairro dentro de Curitiba, e também a evolução da cidade ao longo do tempo, reforçando o convite ao(à) leitor(a) para assumir o papel de sujeito de sua própria história, incorporando a autonomia em participar da realidade na qual estamos inseridos.
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