Conto aqui um pouco de história e do passeio que fiz numa das ex – áreas mais perigosas do mundo. A Comuna 13 de Medellin.
A Comuna 13 aparece hoje como um local que deixou de ser um território de máximo risco devido à violência de guerrilhas, paramilitares, gangues e organizações de tráfico de drogas para um tipo de setor que inclui o graffiti, o turismo e a arte em geral, o que era a Comuna 13 antes e como se tornou o que é agora.
Mas como é que se projetou essa imagem e qual é a história que tem para contar para além do turismo?
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O PASSADO
A partir da Comuna 13, diz-se, o cartel do chefão do narcotráfico Pablo Escobar foi nutrido por jovens sem oportunidades de transformá-los em assassinos, sequestradores e extorsionários, tornando aquele setor um caldeirão de vulnerabilidade e violência, deixando com o tempo esse território e seus habitantes nas mãos de quem pudesse exercer o poder da força violenta e económica.
Entre Operação Orion, Guerra Urbana e a Operação Mariscal ,muita coisa aconteceu na história da comuna 13.
COMUNA 13 HOJE
Desde a guerra urbana na Comuna 13, já se passaram 30 anos. Hoje boa parte dela está pintada com graffiti e parece ser um exemplo bem sucedido de um paradigma onde a violência foi transferida para a cultura, acompanhada pelo turismo em torno de escadas rolantes percorridas diariamente por locais e turistas.
Mas não foi tão fácil chegar lá nem a imagem veiculada nas redes sociais é tão completa.
O Hip Hop foi um movimento que promoveu a luta não violenta entre os mais jovens, através das quatro expressões desta cultura: música, graffiti, break dancing e DJing. Embora muitos deles tenham sido silenciados pela violência (que segundo o discurso oficial terminou após as operações militares) esta foi uma das sementes da cor e da atmosfera artística que se vive na parte turística da Comuna 13.
“O que surgiu depois do Orion foi assustador. Os dirigentes negaram. Chegou o projeto das escadas rolantes, que no fim das contas não era uma prioridade, mas para a cidade, para a administração, era uma prioridade colocar as escadas porque era isso que iam tratar de uma estética urbana, como uma história para criar uma narrativa onde as pessoas superam os conflitos esquecendo tudo o que aconteceu”, afirma a diretora do Museu da Memória Escolar.
A explosão comercial e turística que ali se vive não é uma forma de progresso real para a comuna. O turismo como forma de demonstrar que a guerra e a violência sofrida foram necessárias para que tivessem esse progresso hoje. Não me cabe avaliar se foi certo ou errado, porque ainda sei pouco sobre a história do local.
Nas vítimas e na arte está a gênese deste passeio turístico e cultural que hoje é apenas uma das faces da Comuna 13, e que com iniciativas como o “Graffitour” é um passeio histórico, estético e político preparado por artistas do Hip Movimento Hop, com o qual dão a conhecer as histórias que movem e inspiram a esperança e a busca por melhores condições de vida para a comunidade, e que também contam as histórias de desigualdades e violências históricas que ainda estão presentes na região.
Tal como o Graffitour, existem muitas outras propostas que vão além da exploração turística e comercial da sua história, mas que só poderão ser conhecidas quando as pessoas se perguntarem para além das escadas rolantes qual a razão do fenômeno internacional que é hoje: Comuna 13. E isso fica pro sua conta…
Na minha visita, obviamente ví o que todo turista vê. Lojas, restaurantes, bares, souvenirs, quadros, pinturas que, ao meu ver, gera sim ótima renda para quem produz e mora na área. Como turista, obviamente é lindo e vale a pena visitar e americanso vão ao delírio e ao alcool também.
LIVRO
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