A Maçonaria na Cidade de Buenos Aires – Argentina

locais ligados a maçonaria em buenos aires

A cidade de Buenos Aires está ligada na sua história fortemente à Maçonaria. Vamos ver 6 locais.

Mas o que é maçonaria? Existem várias versões para a criação da organização. A mais confiável remete à Idade Média, quando o controle do comércio era feito pelas guildas, corporações de ofício que reuniam artesãos do mesmo ramo e funcionavam como um antepassado dos sindicatos.

Um dos grupos mais poderosos era o dos pedreiros (em inglês, masons). Era um trabalho de alto status então, pois eram responsáveis pela engenharia e pela construção de castelos e catedrais. Pedreiros tinham acesso aos reis e ao clero e circulavam livremente entre os feudos. Apelidados de free masons (pedreiros livres), se reuniam nos canteiros de obras e trocavam segredos da profissão.

Um dos documentos mais antigos sobre essas guildas é a carta de regulamentos de Londres, 1356. Na época, era só um conjunto de regras para pedreiros.

Para se identificarem em locais públicos e evitarem o vazamento de suas conversas, criaram um sistema de gestos e códigos. Durante o Renascimento, os pedreiros livres ficaram na moda. Seus encontros passaram a acontecer em salões, chamados de lojas, que geralmente ficavam sobre bares e tavernas das grandes cidades, onde a conversa continuava depois.

Intelectuais e membros da nobreza engrossaram a turma. Por influência deles, os debates passaram a abranger religião e filosofia. Em 24 de junho de 1717, numa reunião das quatro maiores lojas de Londres (então o maior centro maçom europeu), na taverna The Goose and Gridiron nasceu uma federação, a Grande Loja de Londres. Era o início oficial da maçonaria.

Fizeram parte da sociedade secreta dois políticos decisivos para a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Eram maçons alguns dos mais importantes líderes da Revolução Francesa, como Jean-Paul Marat e La Fayette.

O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e os libertadores da América espanhola, o argentino José de San Martín e o venezuelano Simon Bolívar, também. O articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, pertencia à ordem, assim como o Duque de Caxias e nosso primeiro presidente republicano, marechal Deodoro da Fonseca.

Na Argentina, nada menos do que 14 presidentes foram membros da maçonaria…

LOCAIS COM LIGAÇÃO À MAÇONARIA NA CIDADE

1) PANTEÃO LIBERI PENSATORI

Há um mausoléu nesse cemitério destinado majoritariamente ao enterro de maçons que foram “para o Oriente Eterno”, como dizem na maçonaria.

Entre os símbolos que podem ser vistos por alí estão:

  • Corrente. Aparece acima, no telhado. Cada elo significa um maçom. A corrente em volta de um globo representa a união deles no mundo;
  • Olho que tudo vê. Dentro do triângulo na frente, há um olho. Representa o deus genérico dos maçons, O Grande Arquiteto do Universo (Gadu);
  • Mosaico preto e branco no piso interno (dualidade entre o bem e o mal);
  • Escada de caracol (a evolução do homem em etapas).

Endereço – Cemitério de Chacarita, rua 42 – Rua Guzmán, 680

2) ESTÁTUA, O PENSADOR, DE RODIN

A Argentina viveu seu apogeu econômico bem na época que o escultor francês Augustin Rodin era o queridinho da alta sociedade. Daí existirem tantas obras do artista em Buenos Aires.

O pensador retrata Dante Alighieri, o autor da Divina comédia. Rodin inovou ao colocá-lo pelado na posição “vaso sanitário”. O pensador está na praça, a poucos metros do Palácio Barolo, o qual foi inspirado na maçonaria e Divina comédia.

Mas o que a Divina comédia tem a ver com maçonaria e Dante Alighieri? Muita coisa.

Dante viveu entre 1265 e 1321, em Florença. Foi mestre da Santa Fé, uma organização esotérica e secreta que se originou da Ordem dos Templários, a qual foi extinta em 1312 pelo Papa Clemente V. Na Divina comédia, Clemente era esperado no oitavo círculo do inferno.

Endereço: Plaza del Congreso

3) PALÁCIO BAROLO:

Esse edifício foi construído a mando do italiano Luis Barolo, que migrou para Argentina e fez fortuna com fazenda de gados e exportação de tecidos. Sua inspiração foi a Divina comédia. Há muitos símbolos no seu interior que remetem à obra ou à maçonaria, uma vez que seu proprietário integrava a sociedade secreta. Leia mais sobre o Palácio Barolo.

Os símbolos podem ser vistos no hall do elevador. O piso é um mosaico preto e branco (dualidade entre o bem e o mal). A ponta da flecha que aponta os andares dos elevadores, em cima das portas, é uma flor-de-lis (autoridade). Na placa onde se lê “ascensor”, a letra “a” tem um compasso (a busca da perfeição).

Para fazer uma visita guiada ao Palácio Barolo, veja aqui

Endereço: Av. de Mayo, 1.370

4) OBELISCO

Construída em 1936 a pedido do então presidente Augustin P. Justo, filiado à maçonaria e que alçou o maior grau dessa sociedade secreta.

O obelisco, inspirado no Egito antigo, foi erguido no lugar de uma igreja. Como a maçonaria teve embates com o clero ao longo da sua história, mais uma pista de ser um símbolo maçônico na cidade. Outra pista? O obelisco tem apenas uma entrada, no lado oeste, assim como os templos maçônicos.

5) PLAZA SAN FRANCISCO

Na Praça San Francisco , a uma quadra da Plaza de Mayo, quatro esculturas olham para porta de entrada da Basílica de San Francisco, do outro lado da rua. Cada uma tem seu tema: a Astronomia, a Navegação, a Indústria e a Geografia. Os objetos que elas carregam, escondem significados que não tem nada a ver com religião. São importantes símbolos da maçonaria como um compasso e um esquadro, uma roda dentada e uma engrenagem. Esculturas essas criadas pelo artista francês e também maçom, Joseph Dubordiueu.

Endereço: Plaza San Francisco – esquina entre ruas Adolfo Alsina e Defensa.

6) O TEMPLO DA MAÇONARIA

O principal templo da Argentina fica nos fundos da sede e é aberto ao público para visitas. Um guia explica o significado de vários símbolos do lugar.

O templo não tem janelas. É a regra para todos, uma vez que se trata de uma sociedade secreta. Os maçons também são proibidos de contar o que acontece ali dentro aos que não pertencem à entidade, chamados de profanos.

Endereço: Rua Tenente General Juan Domingo Perón, 1242

Mais histórias e curiosidades sobre Buenos Aires? veja nesse livro:

O delicioso Guia secreto de Buenos Aires nos permite viajar e conhecer um pouco mais da maior cidade da Argentina sem sequer precisar de avião. A história, tal como acontece nos cemitérios portenhos, foi desenterrada, remexida e trocada de lugar. Com a ajuda de mapas e ilustrações, o autor reúne 111 histórias de lugares curiosos e misteriosos de Buenos Aires, em textos instigantes, bem-humorados e surpreendentes.

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